Sociedade de Guimarânia se mobiliza contra recebimento de lixo regional e cobrança de nova taxa
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População questiona instalação de aterro sanitário para resíduos de 17 cidades; impacto ambiental e social preocupa moradores
A cidade de Guimarânia, começa a viver um intenso debate público diante da possibilidade de se tornar sede de um grande aterro sanitário regional. A proposta é parte do projeto do Consórcio Intermunicipal de Saneamento da Amapar (CISPAR), que reúne 17 municípios da região, incluindo centros urbanos como Patos de Minas e Patrocínio, e visa centralizar o tratamento de resíduos sólidos urbanos.
Segundo informações de autoridades ambientais, o projeto prevê o envio diário de cerca de 340 toneladas de lixo para Guimarânia — o total gerado pelas cidades consorciadas ultrapassa 300 toneladas por dia. A instalação de um aterro sanitário em uma área de aproximadamente 30 hectares já está sendo discutida, e Guimarânia é cogitada como principal candidata a sediar a operação.
A iniciativa, no entanto, não tem agradado à população local. Diversos moradores têm se manifestado nas redes sociais e nas ruas contra a chegada do que chamam de “indústria do lixo”. Um comitê popular está sendo formado com participação de representantes da sociedade civil, ambientalistas e membros de entidades locais. O objetivo é barrar o projeto e exigir mais transparência, estudos técnicos detalhados e audiências públicas.
Nova taxa preocupa contribuintes
Outro ponto controverso do projeto do consórcio CISPAR é a criação de uma nova taxa de manejo de resíduos sólidos, que será cobrada de todos os imóveis urbanos das cidades participantes. Em municípios como Patrocínio, vereadores que se opõem à medida alertam que o valor inicial será de, no mínimo, R$ 25,00 mensais, com possibilidade de reajustes anuais com base em índices ainda não especificados. O projeto já foi aprovado pelas câmaras municipais de Patrocínio e Patos de Minas, mas tem encontrado forte resistência em outras cidades.
Em São Gonçalo do Abaeté, os vereadores votaram contra a cobrança da taxa, a sociedade civil rejeita tanto a cobrança da taxa
Impacto ambiental e econômico em debate
Ambientalistas e especialistas alertam para a necessidade de estudos de impacto ambiental antes da instalação de qualquer empreendimento desse porte. A preocupação maior é com a contaminação do solo e das águas subterrâneas, além do tráfego intenso de caminhões e o risco de proliferação de vetores de doenças.
Economicamente, há também críticas à centralização do tratamento do lixo em um único município, que não será o maior gerador dos resíduos. Patrocínio e Patos de Minas, por exemplo, juntas, produzem quase 200 toneladas diárias, mas não foram escolhidas como sedes do projeto.
Sociedade quer ser ouvida
Moradores de Guimarânia exigem participação nas decisões que impactam diretamente suas vidas. Eles criticam o que chamam de falta de diálogo do poder público com a população e alertam para o risco de transformar a cidade em um “depósito de lixo regional”.
O prefeito de Patrocínio, Gustavo Brasileiro, é o atual presidente do consórcio CISPAR e tem defendido o projeto como uma solução moderna e sustentável para a destinação correta dos resíduos sólidos. No entanto, a discussão está longe de terminar, e promete movimentar não apenas Guimarânia, mas toda a região nas próximas semanas.


